
Questionado sobre os artistas que marcaram de uma forma ou de outra, sua carreira artística, Afrânio cita alguns nomes, dentre os quais o do francês Henri Toulouse-Lautrec, que foi objeto de muitas copias quando o artista ainda estudava na Escola de Bales artes (RJ), segundo depoimento que nos foi concedido na forma de entrevista filmada.
Outro nome mencionado pelo artista foi o de Walassy Kandmsky, quando pintava ainda como os expressionistas alemães do início do século XX, juntamente com Edvard Munch e Janson Ensor; sendo que o quadro que mais atraiu sua atenção é Estrada de Ferro Próxima a Murnau (1909).
Mencionando as visitas que realizou, quando esteve em viagens pelo exterior, apenas um personagem foi lembrado: El grego, habilidoso deformista da figura humana, alongando-a como Dubufett também faz. Vale ressaltar, porém, que o diálogo que Afrãnio trava com Dubufett se dá pelo tratamento das texturas que esse artista aplica em suas telas, explorando com maestria a pintura de textura condensada, através da inclusão de materiais como areia, gesso e pós diversos, na preparação da tinta à óleo; assim como a utilização da faixa tonal entre o vermelho e o preto.
Outro artista menos conhecido com quem Afrãnio teve profundos diálogos é o pintor uruguaio Iturria, soberba em sua capacidade de reproduzir no quadro o aspecto marcado do chão batido, por meio de granulações pictóricas – porém táteis e visíveis a olho nu.
Em se tratando de arte nacional o pintor faz referências aos trabalhos de Iberê Camargo, principalmente à sua série de Carretéis, marcados por cores de tons sombrios.
Todo esse amálgama de artista ficou registrado na memória do artista piauiense, como um banco de dados, do qual se utiliza quando surge, eventualmente, um problema na tela, tanto de ordem compositiva, quanto de seleção de materiais. De uma forma ou de outra, esse nascedouro referencial contribuiu, e ainda contribui na evolução do processo de produção artística de Afrânio Pessoa, iniciada nos anos de 1960.